quarta-feira, 6 de novembro de 2019
Haverá arco-íris para os refugiados?
16:16:00Quem acompanha a Catarina Furtado e os Príncipes do Nada nas redes sociais tem levado chapadas na cara, atrás de chapadas. As missões que a...
Quem acompanha a Catarina Furtado e os Príncipes do Nada nas redes sociais tem levado chapadas na cara, atrás de chapadas. As missões que a Catarina tem feito em campos de refugiados, e a visibilidade que tem como figura pública, são fulcrais para educar a mentalidade dos portugueses.
Mais do que educar a mentalidade, acho que o que a Catarina tem feito é educar-nos o coração.
O que não vemos, não compreendemos. O que não compreendemos, tememos. O que tememos não toleramos, ignoramos, segregamos, eliminamos...
Sendo nós europeus, e com toda a informação do mundo no deslizar da ponta do indicador, como podemos não ver, não compreender, não aceitar e não respeitar?
Porque os ecrãs nos tiram a empatia e a compaixão. Ver através de um ecrã está looooonge de ver no local, com todos os barulhos, cheiros, temperatura, estado de espírito, olhos nos olhos com os outros humanos, sentindo o seu fôlego, a sua respiração. Com todos os elementos que criam o contexto e lhe dão peso e valor.
Tenho-me debatido por vezes com pessoas à minha volta que têm um discurso que traduz uma ideia de intolerância e segregação em relação a outros povos/culturas menos "evoluídos" que o nosso. Pessoas boas, pessoas solidárias, pessoas tolerantes e sensatas em tantas outras vertentes da vida. Pessoas que dão tudo, sem ambição material, e que devoram literatura e história. A incongruência do discurso e das ideias consome-me a alma e tira-me o sono.
Não quero que a minha filha ouça discursos que toquem (nem de leve) o racismo, não quero que o cérebro dela se cruze com ideias de superioridade de raça.
Não sou dona da resposta para o assunto, nem das soluções. Lamento!
Não vivo a minha vida em acções de voluntariado. Ainda!
Contudo, acho desumano negar ajuda aos refugiados!
Deve ser só a minha perspectiva errada de compaixão por quem não merece e é inferior a nós.
As vidas dos infelizes que têm geografia de nascença desafortunada vale menos que a nossa. E nós não podemos nem devemos interferir no que se passa nos seus países, nem acolher quem foge para sobreviver e ter o mínimo dos seus direitos humanos validados...
Como distinguimos os refugiados de bom coração, dos terroristas? Eles querem é infiltrar-se por cá para nos matarem a todos...
Não podemos deixar que o nosso filho morra com uma bomba. Mas podemos deixar que os filhos dos outros sofram com a guerra, mísseis, bombas, armas químicas, casas destruídas, sem bens básicos, nem saúde, nem educação, no meio de ratazanas, baratas, sarna, vítimas de violação e agressão... Porque são inferiores a nós, e os seus sentimentos são menos nobres, puros e verdadeiros que os nossos.
E os filhos deles são menos amados que os nossos!
Ou então podemos ir mais longe:
Todas as imagens, todos os vídeos, todos os relatos, TODOS são MENTIRA!
"Eles" (?) querem todos enganar-nos, e conquistar os EUA e a Europa, e fazer-nos reféns e escravos da sua cultura bárbara.
Somos todos fruto das circunstâncias em que nascemos e vivemos. Os bons não são 100% bons. Os maus não são 100% maus. Às vezes questiono-me: se nascesse num país em guerra, o que seria eu hoje? Do que seria capaz? O que faria? Suicidava-me? Seria capaz de assassínio? Ficaria louca se a minha família tivesse sido violada, assassinada, agredida repetidamente? Seria hoje uma psicopata? Morreria no alto-mar? Conseguiria dormir à noite se não tivesse onde o fazer, ou se tivesse de partilhar o meu espaço sem qualquer tipo de higiene com uma família de ratazanas?
É uma merda! Mas a solução não pode ser a intolerância, a segregação, o ignorar, nem o assassinar...
Não sei qual a solução, mas tenho optimismo para a resolução diplomática e a nível global deste caos em breve. E tenho optimismo para a educação dos nossos corações.
Todo o caos acaba em Tormenta!
Sigam a Catarina Furtado e os Príncipes do nada nas redes sociais.
Ajudem com o que, e como, puderem!*