sexta-feira, 19 de julho de 2019
Atracções do minimalismo #3
06:02:00... CASA AIROSA Com o minimalismo vem um desanuviar do espaço à nossa volta. A nossa sala que parecia atarracada e minúscula...
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CASA AIROSA
Com o minimalismo vem um desanuviar do espaço à nossa volta.
A nossa sala que parecia atarracada e minúscula parece agora uma danceteria.
Os miúdos correm de um lado para o outro sem contar as esquinas todas dos móveis e das mesas com a testa.
Brincam sem partir uma taça de cada vez que espirram.
Quando ao jantar deixam cair a colher, o chão estremece na mesma, mas já não se partem 5 bibelots de animais elegantérrimos, com o sismo de epicentro colherífico.
Não são necessários 20 armários por divisão para guardar as 1987326 coisas que possuímos, estimamos, e guardamos sabe-se lá para quê. Posses muitas que já estão na família desde a geração dos tetravós.
Desaparecem os caminhos de circulação e aparecem as clareiras amplas e desimpedidas.
Aquelas peças que adoramos e que estão perdidas numa multidão insignificante que nos preenche o olhar, ganham finalmente destaque.
Se quisermos mudar de casa, não estamos limitados por correntes com bolas de ferro que nos ferem os pulsos e que nos gritam "Estás maluco? Olha a trabalheira da mudança! Já viste ter de empacotar isto tudo, ou pagar a alguém para fazê-lo? Txiii, não, deixa estar, não estás óptimo mas sobrevives!".
E se quisermos mudar de decoração também é top. Com meia dúzia de coisas novas renova-se todo o feng shui da casa. É assim que se diz?
Aquelas peças que adoramos e que estão perdidas numa multidão insignificante que nos preenche o olhar, ganham finalmente destaque.
Se quisermos mudar de casa, não estamos limitados por correntes com bolas de ferro que nos ferem os pulsos e que nos gritam "Estás maluco? Olha a trabalheira da mudança! Já viste ter de empacotar isto tudo, ou pagar a alguém para fazê-lo? Txiii, não, deixa estar, não estás óptimo mas sobrevives!".
E se quisermos mudar de decoração também é top. Com meia dúzia de coisas novas renova-se todo o feng shui da casa. É assim que se diz?
E uma pessoa pode respirar fundo. Pode dançar "The hills are alive..." enquanto vê o filme. Pode fazer ioga. Pode finalmente comprar a elíptica para a qual olha há 15 anos e diz como desculpa para não exercitar: "Não posso comprar, não tenho onde a põr." Pode rebolar no chão com os miúdos. Pode ter menos pó e lixo. Pode ter menos para limpar. Pode ter menos para arrumar. Pode ter menos pegada verde. Pode ter mais liberdade. Já para não falar que ficam com espaço para ter uma árvore de Natal gigaaaaaaaante, com direito a comboínho e tudo - poucaterra poucaterra Uh Uh!
Que vos parece, hm? Até ficaram com vontade de fazer Natal em Julho!
Mas o mais importante é que se pode andar descalço à vontadinha, mantendo intactos os dedos mindinhos. Fazendo portanto muito menos vezes a dança demoníaca. Todos já a fizeram que eu sei: primeiro agarram-se ao pé com dor excruciante, depois saltam no outro pé coxinho, cerram bem os olhos e mostram bem a cremalheira toda, e depois entoam cânticos de "fo**-**! e p*** que pariu!" e "AAAAAAAH!".
É só vantagens portanto...
Uma ajudinha para desanuviar o vosso espaço de família, de descanso, de amor, de inspiração, de culto:
1. Regra 20/20
Descartar para reciclagem/doar/vender tudo o que pudermos comprar por menos de 20€ em menos de 20minutos se precisarmos meeeeeeeeeeeeesmo. Falo daquelas coisas que não usámos nos últimos 3 anos. Não falo dos vossos talheres, ou dos vossos lençóis, ou da escova de dentes. Já estou a ver o pessoal a esfregar os dentes e a deitar fora a escova: Amanhã compro outra, só está aqui a ocupar espaço.
Metade da casa desaparece, é um festival lindo de se ver. Principalmente porque depois de metade da casa desaparecer, parece que ela ficou exactissimamente tão apetrechada como estava antes. É surreal a quantidade de coisas que acumulamos e guardamos, e ao remexer-lhes vamos descobrindo escondidas em gavetas, e dentro de caixas e caixinhas, e na parte mais profunda e recôndita das prateleiras dos armários da cozinha e roupeiros.
Coisas perfeita e absolutamente inúteis, como uma gaveta que tem dentro 3 elásticos, 2 clips, um íman, uma bola de ping-pong, uma mini-caneca de barro souvenir, um galinho de barcelos minúsculo, 4 pilhas AAA, uma série de recibos de 1998 cuja impressão já desapareceu em 1999, 12 argolas de guardanapos que nunca usámos na vida, um pack de 15 postais de Natal que comprámos em 2005 para juntar aos presentes e usámos apenas dois desde então, e dois daqueles bonecos que se espeta o lápis no cu... elhinho se eu fosse como tu...
Ou aquela estante onde descobrimos umas caixas com coisas dentro que outrora deve ter feito imenso sentido guardar, pois estávamos envoltos na mão fofa de uma qualquer recente memória calorosa ou super engraçada. Mas que o vento frio do passar do tempo varreu para um canto do labirinto da memória ao qual não conseguimos sequer aceder.
Noutro dia encontrei uma série de fotos tipo pass da maior parte dos meus colegas de turma do colégio. Aparentemente no fim de um ano qualquer achei muito engraçado ficar com os restos do conjunto de fotos que tínhamos de entregar todos os inícios de ano lectivo. Não faço ideia em que ano, nem porquê, nem se tive de arrombar alguma sala de acesso proibido para obter aquilo, nem qual fora o meu objectivo. Hahaha, que piada, tirei foto, guardei na núvem, e deitei tudo para reciclar. Sorry malta!
2. Tudo o que se pode encontrar na net, não se tem em formato físico
Para quê guardar numa capa todos os manuais de instrução de tudo o que é aparelho, electrodoméstico, electrónica, que alguma vez se comprou? Os manuais estão todos na net, e os que não estão pede-se ao fabricante e ele reencaminha num par de dias.
3. Pedir emprestado
Se precisam muito de algo moderadamente ou bastante dispendioso, para utilizar um punhado de vezes, ou num curto espaço de tempo, peçam emprestado, não comprem. Para quê comprar? Para não terem o trabalho de falar com as pessoas? Acreditem em mim, eu entendo. Eu evito ao máximo falar com pessoas em geral. Maaaaaas, entre ter de falar com pessoas, e poder não gastar dinheiro e não contribuir para a produção desenfreada, gasto louco de recursos e escavacação de planeta a que assistimos... prefiro falar com pessoas.
4. Regra 2/1
Não usam aquelas calças há 2 estações, e não adivinham vir a usar na próxima? FORAAAAA! Arranjem quem dê uso por favor. Doem, vendam, entreguem em locais que usem para reciclagem têxtil (a H&M tem um programa, a Intimissimi também...).
Aplica-se aos itens de toda a divisão da casa, com tempos de uso adaptados obviamente.
PS 1: Bisnagas e bisnaguinhas e bisnaguetas de cremes, e champôs, e perfumes, e protectores já abertos de há 5 anos, FORAAAAAAAAAAA!
PS 2: Formas, forminhas, tupperwares sem tampa, tampas sem tupperware, salazares rasgados, 5 colheres de pau de madeira já negra, 4 conchas da sopa (WTF?), FORAAAAAAAAA!
PS 3: Não comprem coisas de plástico para a cozinha por favor (ecologia e riscos de saúde). Comprem coisinhas lindas, duráveis. A madeira é fixe se falarmos em pegada verde, mas não é super higiénica, e em casas de gente com alergias alimentares é pirigo! O inox dura várias vidas, e podem sempre reduzir à quantidade de exemplares que possuem.
5. Jogo dos 30 dias
Com ajuda de um amigo/familiar talvez seja mais fácil para não desistirmos a meio:
1º dia - descartar 1 item
2ª dia - descartar 2 itens
...
30º dia - descartar 30 itens
TOTAL = 465 itens se não me enganei.
Fica apenas aquilo que é realmente útil, aquilo que é realmente bonito, e aquilo que realmente tem valor sentimental e nos faz felizes quando olhamos e relembramos algo. Uma casa fácil de limpar e arrumar. Espaço-tempo-dinheiro para usar e gastar melhor ;)