(marav)Ilha do Nunca

O Jamie está seguramente no meu top 10 de artistas preferidos, se bem que acho que nunca verbalizei uma. É um artista que raramente me dá arrepios e pele de galinha. Não é desse tipo, é de um melhor. É do tipo que me leva à feira popular com todo o êxtase das luzes, sons e cheiros, adrenalina da montanha russa, sugar rush do algodão-doce e dos chocolates, maravilhamento do fogo de artifício, gargalhadas nos jogos e nos carrinhos de choque, toda uma panóplia de emoções de felicidade, boa disposição, e "vamos aproveitar bem a vida"!

Dou por mim com um sorriso rasgado a ouvi-lo a tocar piano nas cordas e não nas teclas, de estômago colado às costas quando ele começa a improvisar e se agarra ao piano como se fosse uma bateria e a fazer beatbox, de boca aberta com as voltas inesperadas e geniais que ele dá às músicas, e a rir-me com o sentido de humor com que ele nos presenteia.

Ele claramente é louco pelo que faz, adora música, todo o tipo de música, prova que nos dá com diversos covers de músicas do mais variado tipo de artistas, desde broadway, techno, pop, rock, jazz, etc. Em todas as performances/escolhas de repertório/interpretações revela o seu profundo conhecimento da história da música, e também que nasceu para isto. Aos 40 min deste concerto conseguimos ver que realmente o homem não precisa de grande coisa para fazer música. É tão natural nele que tudo e qualquer coisa pode ser vista de maneira diferente para produzir sons e encadeá-los em música. E é assim que ele nos introduz a uma interpretação incrível do hit deste ano "Took a pill in Ibiza", com direito a uma alteraçãozinha na letra: All i know are sad songs, all i know are brexit songs, e um terceiro verso novo pois a meio esqueceu-se da letra. Até nisto é brilhante. Parece fácil... Se calhar o comprimido que ele tomou em Ibiza era da Duracel.

E não sei se já perceberam mas tem qualquer coisa pela Rihanna. Neste concerto tocou "please don't stop the music", misturado com "Work", "Bitch better have my money" e "Diamond". Já no Meo Marés Vivas 2015 nos deu um cheirinho de "Bitch better have my money" que deixou o público todo a rugir e aplaudir. Podem também encontrar facilmente no youtube um mash up de "Umbrella" da Rihanna com o "Singin' in the rain" do Gene Kelly. Diz que se lembrou de fazer essa mistura depois de sonhar que o Gene Kelly estava a dançar com a Rihanna. Que lindo! Hahahahahaha!

Outra combinação brilhante e improvável que ele nos ofereceu é, imaginem só, "Single Ladies" da Beyoncé com "Come Together" dos Beatles. Não sei se quero imaginar a que raio de sonho foi ele buscar isto, mas até que está incrível!

E é assim que ele nos cativa, a fervilhar no palco, com uma liberdade inebriante, a dar o melhor de si em cada actuação, a hipnotizar-nos com a energia interminável e com a criatividade absolutamente genial. Quem me dera ter em mim um qualquer talento deste tamanho que coincidisse com aquilo que me apaixona. Uns de nós têm de contentar-se com a trivialidade para que se possa dar o devido valor à genialidade de certos habitantes deste planeta como o Jamie. É um selvagem livre e feliz! E eu invejo-o por isso.

A Dianinha decidiu voltar a Portugal. Tinha cá estado em 2015 a apresentar o álbum Wallflower, mas pelos vistos gosta disto e decidiu voltar também este ano.

O Campo Pequeno encheu e pelos comentários foi um sucesso. Já no Pavilhão Multiusos de Gondomar, foi em pendant com a população do Norte do país. E por isso esta zona está tãaaaao longe de Lisboa (mais do que os ~300km). Já não está tanto vá, temos evoluído a uma velocidade estonteante e para muita felicidade minha. Mas ainda assim, estamos tão longe.

O pavilhão em si ficou muito aquém do merecido para uma noite destas, o que tornou o ambiente um pouco estranho. Tem muito bom aspecto, a construção é boa e os acabamentos estão interessantes, mas não para este efeito. A plateia, incluindo a VIP, estava preenchida com cadeiras de plástico, as bancadas são típicas de pavilhão gimnodesportivo: pedaços de plástico aparafusados ao betão, sem encosto sequer no anel mais perto da plateia. Que como é óooooobvio foi aquele em que ingenuamente comprámos lugar. Como pavilhão que é, e já não bastasse o rabo estar quadrado e dormente, tínhamos que aplicar uma torção nas costas e pescoço de modo a que pudéssemos olhar para o palco onde se desenrolava a acção. Rabo duro e pescoço partido, isto parece um resultado híbrido muito reles de Jetuga e A.G.I.R. O que ironicamente faz sentido, porque para essa categoria de "artistas" o pavilhão era perfeito. Haaa! Categoria! You wish...

O palco reduzia-se a uma estrutura metálica demasiado simplista e totalmente à vista, apenas com o fundo coberto em tecido preto e uns painéis no mesmo tecido a imitar as laterais das salas de teatro. Uns bons níveis abaixo dos palcos das feiras de Verão das aldeias, mas com aspecto bem estimado. A produção de luz foi bastante fraquinha e não tinha grande coisa a ver com outros concertos da Diana que já vi online, pelo que arrisco dizer que era o que havia disponível in loco. Mas posso estar enganada. 

A doer ainda mais do que o rabo, o pescoço e as costas, estava o meu ânimo no início da noite. A sala atingiu um pico de algures entre os 60 e os 70% de taxa de ocupação e, estando o espectáculo agendado para as 21h30, eram 21h47 quando a Diana decidiu entrar em palco e batiam as 10 badaladas p.m. ainda se sentia o movimento de gente a chegar e a circular "na maior" para os seus lugares. Esta atitude provinciana e mesquinha veio a revelar-se novamente no final. Mal a rapariga tocou com os tacões fora do palco, e ainda de luzes apagadas, já estava tudo a correr para a saída para retirar o veículo do parque antes dos outros tuguinhas (parecia que estava no Dragão e não num concerto de jazz). Quando acendem as luzes olho para o chão e deparo-me com umas quantas garrafas de água vazias espalhadas. Vergonhoso!

Agora falando do que interessa: a Diana é uma maravilha. O concerto baseou-se numa conversa intimista entre um quarteto de instrumentos (mais voz) que nos transportava para um jazz club típico de NY (assim imagino eu). A mestria ao piano é evidente, o guitarrista Anthony Wilson às vezes deambulava tanto nos trechos instrumentais que parecia estar numa trip só dele (Lindo!) e o timbre da Diana é qualquer coisa. Não deve ser necessária edição de voz para os álbuns, porque soa igualzinha senão melhor. Superou a expectativa.
A Dianinha pouco se chegou ao público, como já é típico, mas lá baloiçou a sua cabeleira loira de um lado para o outro e disse-nos que não iria seguir uma set list, que iria fazer o que mais gosta que é tocar de acordo com o ambiente. A maior parte das canções escolhidas fazia parte do Wallflower mas o público reagiu mais a músicas como "I've got you under my skin", "Corcovado", "Boulevard of broken dreams", e até houve direito a discos pedidos com alguém durante o encore a gritar: "The Look of love". Ao que a Diana respondeu: Ok then.
Os instrumentais foram deliciosos, os prelúdios a algumas canções eram melodias de outras não tocadas como "Frim Fram Sauce" e "What the world needs now" que davam um toquezinho inesperado, e o concerto terminou pelas 23h30 com uma Inês muito bem disposta e contentinha da vida.

Gosto muito de ouvir música no trabalho. Entendo o meu cérebro como duas entidades diferentes: Eu e uma criança de 5 anos que precisa de ter o que fazer. Se não houver entretenimento para a criança, ela começa a ir atrás do que fazer e vai para muito longe e tira-me o foco porque tenho de ir buscá-la. Assim enquanto se vão passando coisas à minha volta, a criança está distraída com os barulhos, com as pessoas que passam, com a música, e deixa-me trabalhar em paz. A actividade de entretenimento que mais atrai essa criança, por mais estranho que possa parecer é a mesma que me focava mais a mim quando criança: música.

Nos tempos que correm, a música faz parte de todos os sectores da minha vida, mesmo no quadrante profissional. Levava CDs comigo para as longas viagens de trabalho, e passo os dias de phones nos ouvidos a ouvir o que me apetece ou dá jeito para o que estou a fazer no momento [e a evitar que algumas pessoas se dirijam a mim =) que já agora é o melhor efeito dos phones nos ouvidos. Às vezes já nem estou a ouvir nada, mas deixo os phones só para não me chatearem. Eu sei, estou a soar uma louquinha].

O álbum que me deu para ouvir várias vezes esta semana foi o Alma caribeña da Gloria Estefan. É um álbum em espanhol de 2000, cheio de ritmos cubanos, com sonoridade acústica e aquela batida que tem ligação directa às nossas ancas, porque mal começamos a ouvir elas mexem-se sozinhas ao ritmo do merengue, chachacha, ou de uma rumba caliente. Coitada da mana L que teve de me ouvir a cantá-lo de fio a pavio num retorno de Lisboa, eheh!
O álbum tem ritmos cubanos, mas também de outros países latinos e africanos, e às vezes até dentro da mesma música. Como se diz agora: está tope! É uma combinação criativa de sons tradicionais e contemporâneos, e que leva a nossa Glorinha para melodias mais graves, quentes e relaxadas, ficando distante das notas altas e empurradas de Reach e outras tantas que caracterizam o timbre que lhe reconhecemos.

Aqui no youtube há já uma compilação das faixas deste álbum, se bem que faltam umas pelo meio que DEVEM procurar para ouvir. Não tenho faixas predilectas, são todas incríveis e cada uma dá o seu contributo para entrar no espiríto cubano:

1. Por un beso

2. Punto de referencia

3. Dame otra oportunidad

4. Como me duele perderte

5. Te tengo a ti

6. Tres gotas de agua bendita (com Celia Cruz)

7. Nuestra felicidad

8. La flor y tu amor

9. Me voy

10. Solo por tu amor

11. Tengo que decirte algo

12. No me dejes de querer

Com este calor óptimo, não típico do Porto, faz todo o sentido esta vontade de ouvir um álbum que nos transporta para noites quentes e estreladas, num bar típico de Cuba (faz de conta que é uma Cuba boa, e não a Cuba real desgraçada, se bem que o perigo traz uma adrenalina que pode tornar a coisa mais interessante), a dançar a noite inteira com uns e umas cubanos(as) morenços(as), a suar como imagino que eles suem: de forma extremamente sensual certamente, a beber mojitos e daiquiris em copos gelados, a rumbar até ao amanhecer, e a acordar na areia e começar o dia com um mergulho no mar!

Amo a Gloria só por este cenário idílico que a música dela pintou na minha cabeça à sua passagem. Música e arranjos muito muito bons, ritmos incríveis, uma voz cheia de sentimento, e uma força linguística que marca na nossa mente ainda mais o significado de cada palavra cantada, e faz com que todas as peças encaixem perfeitamente.

Espero que gostem e que vos abra horizontes musicais. Agora a mainstream é uma pessoa achar que não está a ser levada na mainstream e dizer que gosta de coisas muito alternativas e que acha que mais ninguém conhece. Bom bom, é não ser levado por nenhuma corrente, e dar uns mergulhos bons ora numa corrente hoje, ora noutra amanhã. Saltar entre Gloria Estefan, Zayn, Jamie Cullum, Guns n' roses, Nouvelle Vague... Não podemos ouvir sempre o mesmo, e também não podemos andar só atrás de pokemons. Querem mexer-se? Aprendam mas é a dançar rumba e salsa e agarrem umas miúdas, ou uns miúdos, para dançar convosco. Garanto-vos que a vida vai ser muito melhor, se é que me entendem! ;)

We're all mad here!

Ora ora! Aqui vamos nós para o fim-de-semana. Uhuuuuh!

A vontade de gatafunhar por aqui não anda em alta. O calor aperta, não dá vontade de andar com computador no colo em casa, e durante o dia só queremos é despachar o trabalho para nos irmos esparramar no sofá e ficar de cotos ao alto. Depois abrimos as janelas todas de casa para ver se produzimos uma leve corrente de ar, mas como os bichos andam todos loucos com as temperaturas, estou na sala e só penso: de certeza que está uma cobra, ou um rato, ou um pássaro, ou centopeias, a entrar pela janela do quarto dentro, e quando eu for dormir vão atacar-me. Ou pode ser que se comam uns aos outros e nenhum me chateie. Mas se se comerem uns aos outros, o bicho que sobrevive será provavelmente a cobra, não me apetece dormir com uma cobra a apoderar-se dos meus aposentos. Aaaaaai! É melhor ir fechar as janelas todas.

A única vontade que tenho tido ultimamente é de variar na cozinha. A culinária claro! Pelo calor que tem estado e como não sou adepta de beber, água, experimentei umas águas aromatizadas do Jamie Oliver a ver se a coisa corria. Atenção que eu tenho este cozinheiro em muito grande consideração, pelo que a desilusão foi na mesma proporção. Ca porcaria!

Uma delas era boa, longe de excepcional, mas boa vá: 1/2 romã (só as coisitas vermelhas, não é para atirar para dentro do jarro com meia bola), 1 lima fatiada e gengibre qb. Frigorífico com ela, e uns cubitos de gelo se quiserem.

A outra é a coisa mais desgraçada que já bebi na vida. Amarga que dói. E um amargo mau. Não é aquele ácidozinho bom da limonada. De certeza que o homem se enganou na receita ou nunca provou aquilo: 1/2 laranja sanguínea às rodelas, 1/2 limão às rodelas, folhas de menta. Blheca! Credo!

Mas também tenho feito outras coisas levezinhas tipo: pimentos padrón, chili com carne... Em refeições separadas claro. Tudo coisas fresquinhas para o Verão! haha! Claro que depois só me apetece rebolar no sofá e arrancar a pele.

Já a receita de ontem é muuuuuito vencedora, óptima e fresquinha. É do chef que tem um pilão (para quem não sabe é o Avillez), e é do programa Combinações Improváveis. Se bem que a meu ver de improvável esta combinação nada tem. O meu cérebro está formatado para combinações destas, pelo que para mim fez todo o sentido e só ouvi os meus neurónios: Vamos já experimentar!

Tchan tchan tchan tchaaaaaaaaan:

Scones de alecrim e limão!

Ingredientes

325g farinha

60g açúcar

1 c. chá fermento

140g manteiga

200ml leite

raspa de 2 limões

3g alecrim fresco picado

Opcional:

Queijo parmesão

Azeite

1. Pré-aquecer o forno a 180ºC e picar o alecrim. É a parte mais chata se não temos um utensílio eficaz para picar 3g de agulhas verdes.

2. Juntar a farinha, açúcar e fermento numa taça e misturar bem.

3. Acrescentar a manteiga, o leite, a raspa da casca dos limões (só a parte amarelinha, tentem não ir à parte branca), e o alecrim, e envolver até ficar uma pasta homogénea.

4. Separar em porções com dimensões a gosto, eu fiz 9 bolos com aspecto rústico, e colocar no forno por 12 a 15min.

5. Quando o forno apitar, colocar num prato e ainda quentes raspar parmesão por cima e vê-lo derreter. Também se pode verter azeite para um prato pequeno e ir molhando os scones. Até para mim é gordura a mais, mas sei que há por aí lambões para isto.

Dicas: da próxima vez talvez coloque menos manteiga (é um exageeeeero, quase me sai manteiga pelos poros hoje), e acrescente uma pitadinha de sal. Há também quem goste de acrescentar umas colheradas de Nutella no fim.

Nhamiii!

No Verão há quem goste de campo, há quem goste de piscina, há quem goste de praia. Há quem goste de dar longos passeios (ou corridas) na areia molhada, há quem goste de jogar futebol ou volei de praia, há quem goste de jogar volei de piscina, ou passar horas a dar mergulhos malucos. Há quem goste de ficar a tostar ao sol, ou a boiar num insuflado de piscina, e a tirar fotografias a si mesmo. E há também quem goste de estar dentro de água a mergulhar nas ondas e a fazer de conta que é uma prancha de surf.

Estorricar ao sol também não dá para mim, com esta tez pareço o Gollum agarrada aos guarda-sóis: My precioooous! We hates the sun... It buuurns!

O mar também serve para dar uns mergulhos, umas braçadas... ah! isto deve contar como desporto =) ... e boiar quando as ondas estão calminhas, tipo marmota.

Também adoro estar na converseta com a família até não haver luz nenhuma e já ter os lábios roxos do frio e ver o mar e as tonalidades que vão mudando com a incidência da luz ao longo do dia.

Mas o que gosto mesmo de fazer no Verão, quer seja no campo ou na praia, é ler. Era muito melhor quando era miúda e tinha férias longas, devorava um atrás do outro. Com a actividade profissional, o tempo de leitura resume-se a 5 páginas por noite ou aos fins-de-semana quando posso estar esparramada na praia ou no sofá. Está visto que nunca mais vou conseguir atingir os 10 livros por Verão, pelo que vou escolher um top 5 que vou tentar cumprir:

1) Harry Potter and the Cursed Child. Até faço directa a ler. Oooooobvio que ainda tenho idade para ler disto. Pfff...

2) Agatha Christie, todo e qualquer um. Óptimo para levar para a praia. Sou daquelas pessoas sortudas que lê um livro e passados 3 meses já não se lembra de nada do que leu. Lembro-me apenas do travo que permaneceu: gostei, adorei, detestei ou assim-assim? Chamo a isso sorte porque posso reler e sentir tudo como se fosse a primeira vez. Por isso, não fosse já conhecer o funcionamento das celulazinhas cinzentas da Agatha, os assassinos seriam sempre e novamente uma surpresa para mim.

3) O pavilhão púrpura, José Rodrigues dos Santos. O tema não "puxa" muito por mim mas vamos dar uma oportunidade.

4) Sapiens: História breve da humanidade, Yuval Noah Harari. De onde viemos e para onde vamos. Interpretação da história da humanidade com o respectivo impacto, medição de felicidade ao longo dos milénios, e ensaio sobre o futuro da nossa espécie.

5) E se? ou Thing explainer, Randall Munroe. Livros do criador da página XKCD. Google it. Comédia científica. Muito bom! Coisas complicadas e complexas como a energia nuclear, explicadas de modo simples e de rir.