Ballet body

Porque é que os bailarinos têm aqueles corpos esbeltos fantásticos? Claro que só por si as escolas profissionais procuram c...




Porque é que os bailarinos têm aqueles corpos esbeltos fantásticos?



Claro que só por si as escolas profissionais procuram crianças que geneticamente apresentem uma proporção física de pernas e braços longos e troncos mais curtos. Esta proporção tem uma fortíssima influência no desenho das linhas dos bailarinos, tornando-as muito mais atraentes e bonitas para o espectador.



Mas este motivo não é exclusivo. Até porque não existem apenas dois tipos de corpo: o da imagem acima e outro qualquer. Há milhares de variações, e milhares de formas corporais de sucesso. O elemento comum é que são todos muito esbeltos.
Se escolhermos duas crianças geneticamente semelhantes em forma física e colocarmos uma delas a treinar provas de corrida de fundo, e a outra provas de muito curta distância, o que acham que acontece? A maratonista irá crescer e desenvolver um corpo Olivia Palitado, e a outra ao fim de poucos anos irá apresentar um corpo mais assim para o bombado tipo Popeye.
E porquê?
Uma delas precisa de uma enorme potência, ou seja muita energia num curto espaço de tempo. O nosso organismo é muito mais eficiente nestes casos não recorrendo à respiração, mas a um tipo de metabolsimo anaeróbio que depende da nossa massa muscular. Daí que a malta que levanta pesos e que corre os 100m não precisa de respirar nos aproximadamente 10segundos das suas provas.
Já o pessoal que corre grandes distâncias, ou que faz exercício por longos períodos de tempo, não precise da potência escandalosa dos restantes atletas, pois depende da respiração como catalisador das reacções de transformação de energia no nosso organismo.

O ballet é como uma maratona. Uma aula de ballet dura no mínimo (e em dias fraquitos) 1hora, um bailado dura 2 a 3horas, o dia de um bailarino profissional dura horaaaaas e horaaaaaas. Os bailarinos dependem da respiração para funcionarem. Mas não só, dependem da respiração para executarem todo e qualquer exercício. Quando executamos um grand allegro, aquela coisa com passos muito rápidos e saltos enormes, tendemos mais para o metabolismo anaeróbio, e precisamos de estudar muito bem em que pontos respiramos para potenciar a produção de energia e não cairmos para o lado a meio. Daí que estas partes das coreografias tenham tempos de execução muito mais reduzidos, e sejam em muito menor número.
Nos andamentos musicais mais lentos, típicos dos pas de deux e de 90% das coreografias dos bailados, a resistência é a palavra de ordem. E nestas alturas a respiração é a fonte de energia do bailarino. Os bailarinos são como maratonistas. Sem uma respiração correcta e ritmada, uma coreografia de quinze minutos arruma com o corpo de baile inteiro. É que os maratonistas só têm de olhar para a frente e correr. Os bailarinos precisam também do oxigénio para a clarividência do cérebro, recordar coreografias, recordar todas as indicações dos ensaiadores para a execução perfeita, lembrar todos os pequenos pormenores da coreografia e da dinâmica complexa entre membros do corpo de baile, etc etc etc. Já para não falar no poder que a respiração no tempo certo tem na melhoria da execução de qualquer passo e a tornar o movimento mais bonito. Por algum motivo antes de um grand-plié se inspira sempre, ou antes do desmontar de uma posição estática.



A terceira razão para os corpos longos das bailarocas, é a combinação de exercícios muito concentrados para músculos específicos (de pouca duração e muita intensidade) com uma forte componente de alongamento logo após. Isto ajuda a que as fibras fiquem muito bem esticadinhas. E como os bailarinos trabalham deste modo até os músculos mais pequeninos de todos, não apenas os grandes grupos, todo o corpo é muito alongadinho. Já repararam que as bailarinas se contorcem todas e aguentam essas posições? As ginastas atingem movimentos muito amplos mas em dinâmica. As bailarinas são capazes de atingir esses movimentos amplos mas ter a força necessária para mantê-los.



Daí estar na moda nos ginásios criar estas aulas funcionais baseadas em técnicas de ballet e pilates. São um método super completo, e que nos torneia o corpo em formas apelativas à sociedade actual.


Pequeno parênteses:
Italian Renaissance (c. 1400 - 1700)



Fotografias 1, 3 e 4- Alexander Yakovlev

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