Desde há uns anos que algumas grandes companhias europeias de ópera e bailado têm transmitido os seus espectáculos em directo para diversas salas do mundo, no caso de Portugal através das cadeias NOS e UCI. Convém dizer que, quando comparado com assistir in loco, a vista é muuuuito boa e o preço ainda mais convidativo.

Uma vez que sou fã dos clássicos e é um pouco difícil ir até Moscovo ou Londres a toda a hora, tento sempre limpar o cartaz nas salas de cinema. Obstáculos pessoais e intransmissíveis: o horário do espectáculo não é compatível com a desgraça do meu horário de trabalho; em determinada época andei desterrada em Beja (sem acesso a estas coisas avançadérrimas das salas de cinema NOS e UCI); ou simplesmente não tenho companhia por ser em dias de semana.

Mas tudo isto estará prestes a mudar, muahaha! Com muita sorte o meu horário novo de trabalho o permitirá e hei-de ter companhia sempre que houver também vontade.

Vamos lá ao que interessa. Vou aqui fazer um apanhado dos espectáculos que faltam até à conclusão da época 2015/2016 para acrescentar ao meu calendário privado e dar-vos a conhecer algo que creio ser uma oportunidade única a que o país não está a dar a devida atenção.

Composição de 1791 por Mozart e Schikaneder (ambos maçónicos) que procura retratar a obsolescência do pensamento, política e cultura medievais, e a obrigatoriedade da supremacia dos ideais do Iluminismo que vieram a dar origem aos princípios da Revolução Francesa e que conceptualizam os pilares da sociedade actual do racional e da elevação do conhecimento e sabedoria.

Ballet de 1956 por Aram Khachaturian que descreve a história épica da revolta de um escravo contra os Romanos. Brutal e cru.

Ballet de 1841 criado por Jules Perrot/Jean Coralli e musicalizado por Adolphe Adam conta a história trágica de um desgosto de amor. Sombrio e dramático.

Versão musical de Ludwig Minkus e coreografia do eterno Marius Petipa de 1869, baseado como o nome indica na obra de Cervantes. Vibrante e alegre.

De Gaetano Donizetti e Salvatore Cammarano, foi estreada em 1835. Amor à antiga com famílias rivais a travar duelos por uma linda donzela.

Não conheço mas podem ver um "cheirinho" da produção aqui.

Jules Massenet e Édouard Blau estrearam-na em 1893 baseada no livro Os sofrimentos do jovem Werther que descreve o desencontro amoroso deste com a sua amada, culminado no seu suicídio.

Espectáculos no UCI

Espectáculos nos cinemas NOS

E esta hein? Um pouco negra a palete. É só amores de morte e mortes de amor, e revoltas, e revoluções... Mas é tudo incrivelmente executado. Faz todo o sentido só pelas vozes, música, produção e show de ballet. Espero que tenham ganho vontade e que nos encontremos numa dessas salas. A quem não puder ir e quiser saber, depois conto-vos como foi.

We're all mad here.