(marav)Ilha do Nunca

Não há boa ou má publicidade. Só publicidade!

Sobre esta premissa vou erigir toda uma linha de pensamento que espero não ofenda ninguém, mas contribua antes para uma verdadeira linha de respeito, consideração, e IGUALDADE perante todas as DIFERENÇAS.

Digam-me que já ouviram a nova música do AGIR, Make-up, e que viram o videoclip.

Se não viram também não vale a pena ver. É toda uma lenga-lenga sobre as coisas fúteis da vida. Mulheres de maquilhagem. Podia haver algo mais batido que isto? Talvez. Mas ainda assim isto é demasiado batido para o sucesso que está a ter. Só pode ser por termos finalmente a versão Tay Tay portuguesa, com a sua armada de amigas giras. Sim, porque o videoclip conta com uma panóplia de caras larocas da TV que têm a sorte grande de ter formatos faciais incrivelmente fotogénicos e comerciais e que aceitaram participar de um videoclip que diz: Ela é linda sem makeup. Claro que são lindas sem makeup. Duuuuh! Alerta FÚUUUUTIL!

Só um exemplo básico de entre milhares, e de que me lembrei assim em um milésimo de segundo: a Dove em 2004 (portanto há 12 anos) lançou a campanha Real Beleza e tem vindo a tentar reformatar as nossas mentes para vermos que mulheres reais com corpos reais são todas lindas. Esqueçam a leveza do assunto da maquilhagem.

Se o objectivo é ajudar as mulheres a sentirem-se lindas e menos objectificadas sexualmente vamos directos a assuntos profundos por favor. É que esta música é tão fútil e superficial que me dói na alma. Aleija-me quando a ouço! Fico com embaraço alheio pela tentativa falhada. Depois de uma You & I do John Legend (aqui) e seu videoclip, o que querem? Tudo com mensagens deste género vai automaticamente cair na caixinha de comparações com ela. E a Makeup está tãaaaaao longe. A milhas e milhas e milhas. Noutra galáxia, noutro universo. Acho que nem ganha o direito a comparação.

O intuito é positivo e respeitoso, eu sei, mas faltam-lhe camadas de consciência e gravidade do cerne da questão. Resulta em algo que atinge apenas cerca de 1% da população feminina. 99% de nós não usa maquilhagem no dia a dia, por isso vamos atingir as massas e as mulheres delicadas e com motivos REAIS para uma baixa autoestima, ok? Mesmo que seja com uns acordes leves, uma batida alto astral, e uma letra que fique no ouvido. O que vos garanto é que para falar de assuntos verdadeiros e pesados sobre mulheres não é preciso uma balada dramática, convém até que seja algo com bom groove e que nos faça mexer o esqueleto. Que de dramas está a vida cheia!

Agora, "Ela é linda sem makeup"? Whaaaaaaaaaaaat??????

Tentem antes versões como:

Ela é linda com pneus!

Ela é linda quando fala!

(Porque nós só dizemos coisas inteligentes.)

Ela é linda com aquela roupa larga e sem decotes e rachas!

Ela é linda depois de um tratamento com corticóides durante meses!

Ela é linda careca!

Ela é linda com uma mastectomia ou histerectomia!

E para estupidificar mesmo muito, adorava que fizessem uma música: Ela é linda com pelos! Isso sim é mexer na sociedade e em assuntos sensíveis. ADORAVA!

We're all mad here!

Detesto chuva! Supostamente já estamos na Primavera, e já que temos uns diazitos de férias nada melhor do que uma chuva para me obrigar a ficar em casa. Começa a soar de fundo a voz da Ana Bacalhau:

Porque é que o Sol nunca brilha quando fico de férias, aos fins-de-semana, ou nos meus dias de folga?

Sendo que ainda não descobri um totem que me dê poderes sobrenaturais para combater as manifestações da natureza, tive que resignar-me e decidi enfrentar a Sra. Barafunda que tem partilhado casa connosco. Trocando em miúdos: organizar e arrumar papéis.

Normalmente guardo tudo tudo tudo, e muito bem acondicionado, e numa sequência lógica para descobrir facilmente o que quero. Hmmm... Na realidade acho que me encontro algures na escala de disposofobia (=acumulação compulsiva) e isso tem trazido alguns problemas nos últimos tempos. É que além da acumulação tenho uma paranóia com a organização, e quando os dois transtornos entram em choque frontal fico em stress. E ultimamente tudo se alinha para que haja stress:

1. Tenho coisas arquivadas desde sempre: cadernos, livros, postais de todos os aniversários, sebentas, exames, livros de instruções, regulamentos e normas, facturas, etc, etc, etc.

2. Como andei dividida entre várias casas e mudei recentemente de emprego trouxe papéis e dossiers e catálogos e tudo o que se possa imaginar, que têm estado pousados na sala sob olhares desviados à espera da coragem;

3. Com tanta coisa a sequência desapareceu e como relaxei e parei de arquivar tudo de imediato, os papéis foram-se acumulando aleatoriamente por todas as superfícies desocupadas da sala.

Hoje deu-me o faniquito e interiorizei algumas regras e vi-me livre de coisas que tinha guardadas há mais de 10 anos:

1. Eliminar tudo o que se pode consultar na Internet - catálogos, regulamentos, livros de instruções;

2. Eliminar tudo referente a processos já fechados - facturas de compras, contas de serviços, recibos de vencimento, mantendo apenas o imprescindível do ano corrente...;

3. Não comprar nada para ajudar a organizar. Usar o que já se tem em casa;

4. Não usar caixas para guardar as coisas e dar um aspecto de "arrumado". Se não estão à vista não vão ser usadas, se não vão ser usadas é preferível dar ou deitar fora de uma vez;

5. Guardar só o que tem valor sentimental por uma razão bem definida em 5 segundos.

E foi no espaço de duas ou três horas que limpei o que devem ser mais de 15kg de papel, e separei capas e outro material de economato para doação, com uma lista de músicas na cabeça (aqui) para entreter. Tudo na vida é melhor com música.

Entretanto vou sonhando com a minha futura biblioteca/escritório:

Boa semana e boas arrumações!

Hoje é Dia Mundial do Chocolate, mas para mim todos os dias são dia do chocolate. São raros aqueles em que o chocolate não faz parte da dieta.

Sabiam que oito dos dez países mais consumidores de chocolate do mundo são europeus? Acho que todos desconfiaríamos disso. Custa-me é crer que Portugal não se encontra nesse top (e por larga diferença). O maior consumidor é a Suíça com cerca de 9kg/ano per capita. 9kg, só? Isso dá o quê?

25g por dia = 1/4 de tablete de 100g por dia

Pfff, please! Isso é para meninos.

Em Portugal temos 3kg/ano per capita. Ao que a minha família consome deve haver aí muuuuuita capita que não sente o cheirinho do cacau o ano inteiro.

Ora, indo ao que interessa, nada melhor que um dia mundial do chocolate perto da Páscoa. O aquecimento já começou há duas semanas com visitas assíduas do coelhinho cá a casa para deixar amêndoas e ovos de chocolate no cantinho da Páscoa. Mas não tem sido suficiente porque o J ainda foi capaz de devorar 1 bolo de chocolate em menos de 24h (com uma pequena ajuda da mana L e do A), e eu tenho andado viciada em bolos de chocolate de caneca. Aqueles que se colocam no microondas e estão prontos em 2min. São um perigo. Deviam ter daqueles avisos: não tente isto em casa. São tão rápidos, fáceis e bons que deviam ser ilegais.

Deixo-vos as receitas para abrir o apetite para a Páscoa e para festejarem como deve ser este Dia Mundial do Chocolate:

Ingredientes:

6 ovos

1 pitada de sal

200g açúcar

150g manteiga temperatura ambiente

250g chocolate em tablete em pedaços

50g farinha

Bolo de caneca

Ingredientes:

 9 colheres de sopa de chocolate em pó

(uso Suchard)

6 colheres de sopa de farinha espelta ou outra

1,5 colheres de chá de fermento em pó

1,5 colheres de sopa de gordura à escolha

(uso azeite)

12 colheres de sopa de leite de soja ou outro

[Atenção: para menos gulosos, ou para quem não tiver canecas grandes, fazer 2/3 da receita.]

Passo a passo:

1. Juntar os ingredientes secos numa caneca grande (400 a 500mL) para não transbordar e misturar bem

2. Acrescentar os ingredientes líquidos e misturar até obter uma pasta homogénea

3. Colocar no microondas 2 a 3min se gostar do bolo mais húmido e com parte da massa ainda líquida; 3,5 a 4min para que fique mais seco se gostar do bolo totalmente cozido.

Bom apetite!

A propósito da maluquice que se passou esta semana na Bélgica, revivi mentalmente o passeio que fizemos o ano passado. Bélgica foi o destino eleito para 2015 e no dia 14 de Novembro lá embarquei com o J num voo com destino a Zaventem.
Sim, foi no dia seguinte ao atentado de Paris. Não dormi nada na noite do dia 13, não por medo ou terror, mas por raiva e pelo enorme sentimento de impotência que o Ocidente experiencia para impedir que este tipo de ataques se concretize, e que não consiga apanhar pela frente qualquer um de nós.

O objectivo dessa seita presumo que seja aniquilar o modo de vida do Ocidente, e para isso nada melhor do que aterrorizar "os cruzados" com ataques suicidas e ameaças de "dias sombrios, duros e amargos". Uuuuuuh! Deve ser para tentar que, através de tortura psicológica, a malta se tranque em casa com medo de viver. Eu não vou parar de viver, e se me chateiam muito ainda me alisto numa qualquer força militar de combate, ou num movimento para alteração da legislação que rege a vigilância e acção sobre estes canecos. (Ou não! Mas quase!)

É uma temática tão profunda e complexa quanto o ser humano, e até aparecer uma solução sugiro que aproveitem para viajar, não vá alguém explodir com as coisas lindas que fomos erguendo por aí e depois perdem a oportunidade de as apreciar convenientemente. Já que eles andam por aí em todo o lado e estamos sujeitos, mais vale continuar a viver e gozar a vida, e confiar que as entidades competentes estão a fazer o trabalho delas na luta anti-terrorismo, e acima de tudo: gerir as probabilidades. Não vou pôr o meu corpitxo no meio de cidades onde nos últimos meses têm havido ataques sucessivos, mas também não vou dar a vitória do terror a ninguém e ficar trancada em casa.

Para não deixar a Bélgica mal vista como destino turístico para os próximos tempos, deixo-vos aqui um bocadinho deste país em clima outonal. É um passeio surpreendente e acolhedor. Foi a primeira vez que fizemos uma viagem com circuito pois o normal é ir e ficar numa única cidade. Escolhemos Bruxelas-Antuérpia-Bruges-Gante e entre elas viajámos de comboio. Adoro andar de comboio pois dá para ir vendo a paisagem. Linda!

Pontos altos:
#1. Fins-de-semana de Outono (temperaturas piores que as de Inverno para nós) enchiam os parques. Muita gente a correr, famílias com as crianças a brincar e a trepar árvores, escuteiros a passear a vender coisinhas, turistada na rua.
#2. Toda a gente circula de bicicleta, e como tal há ciclovias por todo o lado e sinalização de trânsito luminosa própria para ciclistas. Os miúdos vão para a escola de bicicleta, os pais levam os bebés ao infantário de bicicleta, toda a gente vai trabalhar de bicicleta (muita gente de fato executivo).
#3. A combinação de estilos arquitectónicos nas quatro cidades é viciante. A construção de grande parte dos edifícios e monumentos principais atravessou várias épocas e períodos da história, e muitos foram refeitos ou restaurados. Resulta numa mescla de estilos muito interessante que vem desde o gótico ao contemporâneo, com alguns elementos como património mundial da UNESCO como a praça central de Bruxelas e o centro histórico de Bruges.

Pontos baixos:
#1. Tudo em todo o lado fecha às 18h, por isso chapéu. A partir dessa hora é ir jantar, beber um copo, ou ir nanar para o hotel.
#2. A restauração está demasiado turistizada como em quase todos os núcleos turísticos na Europa. É difícil arranjar sítios onde se coma bem, a não ser que se tenha feito um bom trabalho de casa antes e que se possa folgar o cinto, ou se use boxers/calcinhas em vez de tanga.
#3. A qualidade das fotos não ficou grande coisa. Estou a tratar do assunto. =P