Porto - Régua - Pocinho

Mais um fim-de-semana em cheio. O Sábado foi longuíssimo e extenuante e muito enriquecedor. Andamos há anos a dizer: temos de ...



Mais um fim-de-semana em cheio. O Sábado foi longuíssimo e extenuante e muito enriquecedor.

Andamos há anos a dizer: temos de ir ao Douro ver as amendoeiras em flor. Este ano passámos das palavras à acção e agendámos para este Sábado.
O comboiinho saía às 9h20 da manhã (ninguém merece ao Sábado) e íamos todos contentes para a linha, quando chega o tuctuc e se abrem as portas do Inferno. Não queríamos acreditar. Apinhadíssimo, lugares sentados são mentira, e o caos estava instalado. Não é que apanhámos não uma, mas duas, DUAS, excursões de idosos? Chiça! Com esta classe etária a perspectiva de lugares é tipo... nula! E a viagem são três horas, e as costas começam a queixar-se, e os pés a berrar. E eis que já no limite da nossa esperança num assento fofinho debaixo do traseiro, aparece um lugar todo iluminado e com cânticos angélicos: AAAAAAAAAH! ...
Pois, mas aparece também um velhote para reclamar o lugar que como um trono é seu por direito. Poim oim oim! Nãaaaaao, três horas de pé?

Para melhorar toda a compactação que já se fazia sentir há uma hora, lembro que continuávamos em pé, chegou o momento da merenda da manhã. Entraram os elfos com o buffet aconchegadinho nos sacos 0,80mx0,50m que todo o supermercado que se preze vende a torto e a direito. Palitos la reine, suminho laranja marca desconhecida e claro, o real garrafão de 5L de moscatel bebido em copinhos de plástico da super bock distribuídos previamente.



A rir-me de toda a zaragata que se instalou ali ouço um dos responsáveis pelo lanchinho "Quer um copinho? Oh Joaquina, arranja aí um copinho para esta menina que está a olhar pró garrafão". Claro que a menina era eu.
Aceitei com a boa educação que me deram, ou como alguns poderão dizer, com a lata que não escassa nesta família. Maravilha! Um moscatel fresquinho logo pela manhã. A mãe cheirou e disse: "uf, nah!". Ui! O que foi dizer. Sentiu-se logo a indignação: "Não gosta é?". Ao que respondeu com algum medo das repercussões da ofensa que tinha proferido: "Não, não. Nem provei." Hahaha! Não sei se foi a melhor opção, mas deu por terminada a conversa.

Agora imagine-se todo este piquenique feito nas carruagens de comboio que mais pareciam latas de sardinha. Escusado será dizer que toda este logística fo testou bem a paciência do pessoal que já estava a fazer a viagem há uma hora a penantes e que tinha de andar de um lado para o outro a dar jeitinhos para o garrafão passar. Sim. Que o garrafão não passa só uma vez. Pffff! Para aquela gente antiga com tantos anos de enraizamento da cultura do álcool, menos de dois copos às 10h da manhã é derrota.

A partir da Régua a coisa acalmou, porque saiu toda a gente. Toda a gente excepto claro os participantes das excursões e nós os quatro. Sentei-me ao lado de uma senhora excursionista com quem partilhei vários apontamentos sobre fotografia. Eu a fotografar com o meu BQ e a senhora a fotografar com o seu iPad. Quem pode pode. Mai nada!
O senão para fotografias, e para apreciar a paisagem em geral, é que os vidros do comboio não podiam estar mais imundos (já vão ver). Já que é uma linha turística podiam limpar o raio dos vidros uma vez por semana.

Já refastelados, a viagem até ao Pocinho permitiu assim que gozássemos a paisagem, e que paisagem. Não há nada como fazer a viagem de comboio pelo Douro num dia de Sol como esteve. O Pocinho está impecável, lá continua no seu sítio, e na mesma pasmaceira de sempre. A novidade no local é o novo Centro de Alto Rendimento do remo, que está talvez um pouco elaborado demais para o intuito, diria eu. (De onde terá vindo o dinheiro? Questões profundas que me ultrapassam, e que talvez prefira não obter resposta.)
As vistas são lindas e a barragem do Pocinho continua no sítio. Adoro sempre ver barragens, e perceber no local a capacidade e grandiosidade do Homem para fazer estruturas poderosas como estas para usar a natureza a seu favor.

Amendoeiras é que não aconteceram. Parecendo vudu não havia amendoeiras em flor. Havia amendoeiras, não havia era flores. O pensamento imediato foi: vamos ter que cá voltar em Abril. Naaaah, a gente local disse logo para não sustermos a respiração até lá, com a justificação científica de que "o Inverno este ano foi quente e já floresceram em Janeiro. Este ano não há mais". Onde é que eu já vi isto? Milhos sem milhos... Amendoeiras em flor sem flores... Mais vale não apostar que o Benfica perde amanhã.

Depois do passeio no Pocinho fomos a correr para o comboio para reservarmos lugares, não fossem os jovens excursionistas terem procriado pelo caminho e ocuparem os lugares todos antes de colocarmos os pés na estação. Não, tudo tranquilo. Nada de excursionistas na volta. A viagem de regresso foi calma, com o sol da tarde a fazer brilhar o rio, e a trazer tons quentes às quintas e às casinhas perdidas no meio dos sulcos. Tudo tão pacífico e a paisagem tão aconchegante que até dormimos uma soneca pelo meio.
Na paragem na estação na Régua fui até à porta do comboio para chamar uma das senhoras com cestinhos e comprar uns rebuçados. Claaaro, não podem faltar os rebuçadinhos! Vai tudo para o rabo, mas pelo menos fico com um rabo gordo e feliz.

Cheguei ao Porto cansada, mas feliz e tranquila. A paisagem do Douro é de cortar a respiração, inspira-nos e pica a imaginação. Lavou-me a alma e preparou-me para a Gala da Domus que decorreu às 21h em Lavra, conforme tinha anunciado. Houve performances brilhantes para terminar o dia em grande. A evolução das estrelas da EDD é notória e sabe muito bem ver que quando queremos e nos dedicamos a algo os resultados aparecem e tornamo-nos capazes de fazer coisas fantásticas que inspiram quem nos vê. Parabéns miúdos! E em particular, parabéns Ritinha! Estás cada vez melhor. Acho que nem tens noção de quão boa és e quão brilhante vais conseguir ser. Tenho a certeza.


































   



Quero mais fins-de-semana assim!

Poderá também gostar de:

0 comentários

Deixe mensagem